09 dezembro 2006

TRANSTORNO DA COMPULSÃO ALIMENTAR PERIÓDICA


O Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) é caracterizado pela ingestão sem controle de uma grande quantidade de alimentos, seguida de culpa e angústia, e ausência de métodos compensatórios inadequados para controle do peso, como provocar vômito, tomar laxante ou praticar por várias horas atividades físicas exaustivas, por exemplo.
Dentre os transtornos alimentares, como anorexia e bulimia nervosas, esta é uma nova categoria diagnóstica proposta pelo DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico da American Psychiatric Association). É bastante comum: estudos apontam que o TCAP atinge 2% da população em geral e 30% dos obesos que procuram tratamento para perda de peso, sobretudo as mulheres (cerca de 60% dos casos), segundo o psicólogo Sérgio Stefano, mestre em Ciências da Saúde e doutorando no Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM).
Durante os "episódios" - como especialistas denominam os ataques vorazes à comida -, a pessoa tem a sensação de perda de controle: ela não sabe nem o que e nem o quanto come. "A pessoa só pára se alguém entrar no local, ou por mal estar físico ou se a comida acabar. Esse comportamento provoca um grande sofrimento e compromete seriamente a qualidade de vida do paciente. A pessoa deixa de freqüentar ambientes sociais (principalmente se houver comida) e sua auto-avaliação se baseia somente em como ter controle sobre a comida. Caso consiga controlar os episódios, sente-se bem; se tem um ataque de compulsão, perde auto-estima.

O TCAP não tem uma causa definida; é uma doença multifatorial, ou seja, pode ser desencadeada por uma conjunção de aspectos como traços de personalidade individuais, pressão cultural (a adoção de dietas alimentares esdrúxulas, com longos períodos sem comida) ou por fatores como depressão, ansiedade, angústia. Em geral, ocorre um círculo vicioso: a pessoa sente depressão ou ansiedade e busca na comida satisfação. Mas após ter um ataque voraz, sente-se culpada e crescem a depressão ou a ansiedade novamente.

Pode surgir em qualquer idade, mas acomete principalmente jovens na faixa dos 20 anos. Pessoas com auto-estima baixa e com pensamentos dicotômicos - que se alternam entre o controle e o descontrole total - têm mais possibilidade de serem acometidas. Alguns especialistas acreditam que os mais perfeccionistas e exigentes tendem a ter mais possibilidades, já que estão sujeitos a maiores níveis de ansiedade e estresse.

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